Vamos iniciar com o básico:
a definição de termos.
ASTROLOGIA. (filosof.)
ou a “Ciência dos astros”, é o estudo da suposta influência das estrelas e dos
planetas sobre os habitantes da Terra, considerando que as estrelas e os
planetas atuam como marcadores do Relógio Cósmico, definindo, assim, a evolução
das épocas.
A Astrologia tem seus ramos
de especialidade, conforme a ênfase de estudo:
· MUNDIAL. Estudo das influências cósmicas sobre os movimentos
sociais e culturais planetários.
·
SIMBÓLICA. A Astrologia pitagórica ou platônica que vê as energias
astrais como simbólicas e subjetivas, priorizando a ideia do “planeta
interior”. E aqui podemos incluir a “Astrologia Psicológica”.
·
ESOTÉRICA. Rama da Astrologia que prevê o estudo dos ciclos
espirituais do ser humano e dos iniciados em especial.
·
PROFUNDA. Doutrina do tempo como elemento cultural, abrangendo as
ramas espiritual ou esotérica, a social e a mundial.
A Astrologia tem para mim
um significado simbólico profundo que vejo como organizador do processo de autoconhecimento
e autogerenciamento. E para este conceito empírico, apoio-me em um dos grandes
influenciadores da Astrologia atual, Dane Rudhyar que escreveu:
“A
Astrologia se baseia numa dessas compreensões intuitivas identificando ‘ordem’
e ‘os movimentos dos astros’. (... ) O homem observou que havia uma
regularidade notável entre os movimentos do Sol, da Lua, das estrelas. Então, o
fator psicológico interno e a percepção externa aparecem de algum modo como idênticos.
Um tornou-se símbolo da outra.”
“O trabalho fundamental da
astrologia (...) é revelar a ‘harmonia das esferas’ em qualquer nível que a
consciência humana esteja centrada. É carregar o símbolo de Ordem onde quer que
o homem encontre caos. Em terminologia moderna, é a álgebra da vida”.
Este conceito nos leva ao
próximo: Astrosofia.
ASTROSOFIA. (astrol.)
A “Sabedoria dos astros”, o mesmo que ASTROLOGIA SIMBÓLICA, enquanto
alusão simbólica aos ciclos humanos de diferentes dimensões e grandezas,
empregando os ciclos astrais como analogias de linguagem dos ciclos humanos.
A premissa hermética “assim
como é em cima é em baixo” (e vice-versa), trata meramente desta analogia que,
de resto, pode haver sido “fabricada” ou organizada pelos estudiosos dos ciclos
celestes.
Então, quando olhamos para
o Mapa Astral a partir das premissas da Astrologia simbólica estamos buscando transformar
a sensação de caos interior em algo organizado, inteligível e até certo ponto
administrável.
Estamos buscando controle
sobre nossa psique.
E o interessante é que esta
ânsia parece coincidir com o entendimento, segundo estudiosos de Astrosofia, que
“o mundo vive atualmente um momento muito especial, por se tratar do único em
que todos os ciclos terminam juntos para recomeçar. (... ) Assim, todas as
energias estão hoje em franca renovação, razão pela qual o mundo inteiro está
sendo abalado desde os seus alicerces.”
Em termos de vida prática,
se nos permitirmos, os ciclos sazonais nos colocam em contato direto com este
lindo relógio cósmico, possibilitando a reorganização interna a partir da
movimentação de nossas energias psíquicas.
Saber como conectar-se a
este ciclo cósmico no qual Gaia está inserida e, obviamente, nós dentro dela, utilizando
sua ênfase para nossas reciclagens internas é agir com sabedoria e fluência. A
conexão do biorritmo individual ao biorritmo de Gaia é algo bem demonstrado
pelas ciências atuais como premissa para uma vida organicamente mais saudável.
Citando o filósofo grego
Hesíodo: “quando os homens têm a conduta certa, suas cidades florescem e não
existem guerras ou fome, pois a Terra traz abundância e felicidade a todos”.
O sagrado precisa ser
recuperado como parte de nosso cotidiano, acredito que só assim, sairemos desse
vazio infértil e pesado no qual entramos.
E não é tão difícil assim.
Se assumirmos e respeitarmos nossos ciclos biológicos, compreendendo nossas
mudanças assim como as mudanças de Gaia, através de seus solstícios e
equinócios, além das fases lunares e suas celebrações, já estaremos dando um
enorme passo e nos integrando para que a evolução possa continuar ocorrendo em
nossas vidas e em nosso Planeta.
Jung (1993) nos ensina que :
“O próprio Deus não pode prosperar
numa humanidade que sofre de fome espiritual. A esta fome reage a psique da
mulher, pois é função do Euros unir o que o Logos separa. A mulher de hoje está
diante de uma enorme tarefa cultural que significa o começo da nova era”.
Interessante que o povo
celta utilizava a linguagem cósmica em suas festividades, talvez numa forma
intuitiva, talvez em função da profunda conexão com as sensações em seus corpos
físicos, talvez em função da profunda dependência dos ciclos da natureza para
organizar seu dia-a-dia.
Veja a beleza da coisa.
Para os Celtas havia quatro
grandes festivais: Samhain –que é o Ano Novo celta-, Imbolc, Beltane e
Lughnassad ( Lammas ), comemorados em Novembro, Fevereiro, Maio e Agosto,
momentos em que o Sol entrava nos Signos de Escorpião, Aquário, Touro e Leão,
respectivamente.
Estes quatro signos trazem
em si o fato de serem considerados fixos, há uma experiência que foi aprendida
anteriormente e que agora devem ser integradas a nossa estrutura de
personalidade. Falamos de aprendizagem e crescimento, correto. Estes festivais
marcavam, portanto, momentos de interação e assimilação da simbologia carregada
através destes “temperar” da vida.
Em Escorpião integramos a
Água, o magnetismo das emoções bem resolvidas. O sol entra em Escorpião em
Novembro. Samhain significa “sem luz” e é o período em que ficamos na escuridão,
mergulhamos para dentro de nós mesmos e separamos o que é essencial e profundo.
Há o corte de tudo o que não corresponde a nossa Essência. É a crise emocional que
nos joga na transformação obrigatória de nós mesmos.
Em Aquário integramos o Ar,
o saber elaborado de uma filosofia de vida que nos integra a algo maior. Nossos
ideais de vida ganham força renovada e o Ar movimenta as águas profundas de
Escorpião, emergimos das profundezas, com um senso ampliado a respeito de quem
somos. Saímos da noite escura da Alma.
Em Touro, integramos a
Terra, a estabilização, a estruturação de tudo o que queremos reter em nossas
vidas. A Sensorialidade e o prazer estão em alta, sentimos um certo alívio e
escolhemos curtir o prazer, o curto prazo, o aqui e o agora sem grandes pretensões.
Em Leão, integramos o Fogo,
a motivação, o brilho, a autoestima, o valor de si e a confiança afinal já nos transformamos,
entendemos o que é a dor profunda, já descobrimos nosso lugar no mundo e
descobrimos o prazer. Mas não se engane, a engrenagem cósmica não para e o
Universo nunca está no mesmo lugar! NUNCA! Novos desafios serão exigidos de
nós... então, o fogo leonino do amor-próprio precisará ser usado também como fonte
de luz para passarmos por um novo ciclo de transformação e renascimento.
O Sol agora está passando
no lugar onde o seu signo de Leão está. E o encher-se de brilho interno,
pensamentos de amor próprio é o desafio do momento em relação aos processos de
autodesenvolvimento. Lembre-se disso: estamos num ciclo de Júpiter regidos por
um ciclo maior de Saturno. Já falamos sobre isso anteriormente (clique aqui: O Fluir Responsável com a Vida ).
Assim, mais do que um processo
divinatório e superficial que tira de nós a responsabilidade sobre nossas
próprias vidas, olhe com profundidade para o seu Mapa, com respeito a toda obra
da Natureza que estava configurada no momento da sua primeira respiração.
Ele te joga para algum
lugar que vai além de vc mesma e que, simultaneamente, conecta vc ao que há de
mais profundo na sua vida: vc mesma!
Beijos !
Referências consultadas:
Link: http://revistaorion.blogspot.com/2017/03/blog-post.html
Tese de Doutorado: "Astrologia e Personalidade", defendida no Instituto de Psicologia da USP por Paulo Roberto Grangeiro Rodrigues
Anotações de Aula: Astrologia Avançada - Nilton Schutz