Nosso corpo parece sempre
estar envolto em questões sobre o preconceito, a subserviência e o dualismo, em
momentos profanos e de celebração, de pecado e de sacralidade.
No entanto, parece que
nosso corpo insiste em quebrar a monotonia das regras e dos estereótipos. É ele
o nosso grande e mais querido professor. Ele nos grita quando insistimos em nos
afastar de nós mesmos e privilegiar regras que em nada respeitam nossa essência
e nossa sacralidade corporal.
Nosso corpo tem inúmeras
possibilidades, tantas quantas nosso espírito as tem, afinal, um é instrumento
de ação e desenvolvimento do outro. Quando nos reconectamos a ele, percebemos
uma enorme sensação de prazer, de autonomia, de liberdade, de consciência.
Percebemos que ele pode explorar o chão, ampliar espaços, buscar a Natureza,
dançar as ondas, os ventos, as folhas, acalentar alguém, tocar e ser tocado...
A sensibilidade motriz do nosso corpo revela a essência afetiva que damos às
coisas.
Nosso corpo é a primeira
pessoa do singular enquanto presença, experiencia, espaço, tempo, subjetividade
e intersubjetividade representados no espaço em que existimos. Cada fala do
nosso corpo é uma ação criadora com ritmo, melodia, tempo e velocidade.
Através do nosso corpo,
podemos ser presentes em nós mesmas e isso é tudo o que precisamos para iniciar
o resgate de nosso amor próprio.
Gaiarsa nos diz: “Podemos,
meditando e sentindo, descobrir que nosso corpo é muito mais sábio que nossa
inteligência e nossa ciência. O corpo é sábio porque está aqui e sobrevive,
respondendo a tudo que encontra a sua volta, aproveitando tudo o que aparece há
milhões de anos. Quando o “eu” humano ainda não existia, já havia um corpo
inteiro, funcionando plenamente, sobrevivendo sem precisar de nada. O corpo é anterior
à consciência.”
Ao longo da nossa história
ocidental, nosso corpo foi esvaziado de plenitude e sentido. Ele perdeu a
personalidade e se tornou um lugar sujo, de pecado e o controle passou para as mãos
da igreja, da medicina, das figuras de autoridade. Perdemos nossos corpos e nos
perdemos junto.
Não precisa ir muito longe,
veja o número de obesos em nosso planeta, veja a forma como fazemos aeróbica ou
musculação ou qq atividade mecânica que fazemos com o corpo refletindo essa
desconexão profunda, agindo como grandes fantasmas de nós mesmos.
É esse corpo vazio que é
usado no sexo sem sentido, nas trocas de baladas, nas trocas amorosas que nos
deixam vazias ao final.
Precisamos retomar nossos
corpos, porque é através dele que existimos-no-mundo. Nosso corpo é fruto de
Gaia. Vivemos em Gaia. Gaia é um organismo vivo, tem humores, fica irritada, se
enfurece e também fica tranquila e em paz. Se penetrarmos na matéria,
encontramos a vida. Se penetramos a vida, encontramos a consciência. E é aqui
que começa o processo de ajuda através do que os Orientais nos ensinam.
Os orientais criaram um
caminho qualitativo de autoconhecimento e, embora, não tenham ido à Lua,
tornaram-se grandes e inigualáveis especialistas no espaço interior. Compare
uma aeróbica a um tai-chi ou compare uma aula de alongamento a uma “saudação ao
sol” da yoga. Qual a grande diferença? A
qualidade da presença no corpo e através do corpo. A presença tem muito
mais a ver com consciência no corpo do que um processo racional. Na verdade, a
racionalidade aqui só atrapalha.
Veja na dança do ventre, a
bailarina olhando para as mãos. O olhar direciona a consciência. Experimente...
movimente suas mãos e olhe para elas... Permita que elas dancem no ar... Sinta
como é maravilhoso seu corpo se movendo e respondendo a vc...
Quer outra forma de
presença? A respiração... a prática concentrativa, que vem sendo tão pesquisada
por nossos cientistas atualmente até como uma das ferramentas para se curar
episódios depressivos.
A lógica é simples:
conseguimos respirar no passado? Conseguimos respirar no futuro? Não!
Respiramos apenas no presente!
Nosso corpo é a entidade
que nos coloca no presente da ação e nos tira das fantasias projetadas da
infância. Por isso que estar com ele é tão maravilhoso, importante e
regenerador.
A presença nos coloca em
relação ativa com o ambiente, nos torna mais atentos, nos acorda e nos
reintegra. É um estado delicioso! Ativa nosso sistema imunológico, físico e
energético. E quer mais, ele nos tira da possibilidade de sermos iscas
alheias. No estado de presença, percebemos opções, formas diferentes de
estar e agir, até porque opção de uma alternativa só é imposição!
Awareness... dar-se conta
do aqui e do agora e o aqui e o agora é o mundo! Eis a integração que nos
resgata!
Beijos !!!
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