domingo, 2 de abril de 2017

Donas do Nosso Corpo ... donas das nossas vidas !

Nosso corpo parece sempre estar envolto em questões sobre o preconceito, a subserviência e o dualismo, em momentos profanos e de celebração, de pecado e de sacralidade.

No entanto, parece que nosso corpo insiste em quebrar a monotonia das regras e dos estereótipos. É ele o nosso grande e mais querido professor. Ele nos grita quando insistimos em nos afastar de nós mesmos e privilegiar regras que em nada respeitam nossa essência e nossa sacralidade corporal.
Nosso corpo tem inúmeras possibilidades, tantas quantas nosso espírito as tem, afinal, um é instrumento de ação e desenvolvimento do outro. Quando nos reconectamos a ele, percebemos uma enorme sensação de prazer, de autonomia, de liberdade, de consciência. Percebemos que ele pode explorar o chão, ampliar espaços, buscar a Natureza, dançar as ondas, os ventos, as folhas, acalentar alguém, tocar e ser tocado... A sensibilidade motriz do nosso corpo revela a essência afetiva que damos às coisas.
Nosso corpo é a primeira pessoa do singular enquanto presença, experiencia, espaço, tempo, subjetividade e intersubjetividade representados no espaço em que existimos. Cada fala do nosso corpo é uma ação criadora com ritmo, melodia, tempo e velocidade.
Através do nosso corpo, podemos ser presentes em nós mesmas e isso é tudo o que precisamos para iniciar o resgate de nosso amor próprio.
Gaiarsa nos diz: “Podemos, meditando e sentindo, descobrir que nosso corpo é muito mais sábio que nossa inteligência e nossa ciência. O corpo é sábio porque está aqui e sobrevive, respondendo a tudo que encontra a sua volta, aproveitando tudo o que aparece há milhões de anos. Quando o “eu” humano ainda não existia, já havia um corpo inteiro, funcionando plenamente, sobrevivendo sem precisar de nada. O corpo é anterior à consciência.”
Ao longo da nossa história ocidental, nosso corpo foi esvaziado de plenitude e sentido. Ele perdeu a personalidade e se tornou um lugar sujo, de pecado e o controle passou para as mãos da igreja, da medicina, das figuras de autoridade. Perdemos nossos corpos e nos perdemos junto.
Não precisa ir muito longe, veja o número de obesos em nosso planeta, veja a forma como fazemos aeróbica ou musculação ou qq atividade mecânica que fazemos com o corpo refletindo essa desconexão profunda, agindo como grandes fantasmas de nós mesmos.
É esse corpo vazio que é usado no sexo sem sentido, nas trocas de baladas, nas trocas amorosas que nos deixam vazias ao final.
Precisamos retomar nossos corpos, porque é através dele que existimos-no-mundo. Nosso corpo é fruto de Gaia. Vivemos em Gaia. Gaia é um organismo vivo, tem humores, fica irritada, se enfurece e também fica tranquila e em paz. Se penetrarmos na matéria, encontramos a vida. Se penetramos a vida, encontramos a consciência. E é aqui que começa o processo de ajuda através do que os Orientais nos ensinam.
Os orientais criaram um caminho qualitativo de autoconhecimento e, embora, não tenham ido à Lua, tornaram-se grandes e inigualáveis especialistas no espaço interior. Compare uma aeróbica a um tai-chi ou compare uma aula de alongamento a uma “saudação ao sol” da yoga. Qual a grande diferença? A qualidade da presença no corpo e através do corpo. A presença tem muito mais a ver com consciência no corpo do que um processo racional. Na verdade, a racionalidade aqui só atrapalha.
Veja na dança do ventre, a bailarina olhando para as mãos. O olhar direciona a consciência. Experimente... movimente suas mãos e olhe para elas... Permita que elas dancem no ar... Sinta como é maravilhoso seu corpo se movendo e respondendo a vc...
Quer outra forma de presença? A respiração... a prática concentrativa, que vem sendo tão pesquisada por nossos cientistas atualmente até como uma das ferramentas para se curar episódios depressivos.
A lógica é simples: conseguimos respirar no passado? Conseguimos respirar no futuro? Não! Respiramos apenas no presente!
Nosso corpo é a entidade que nos coloca no presente da ação e nos tira das fantasias projetadas da infância. Por isso que estar com ele é tão maravilhoso, importante e regenerador.
A presença nos coloca em relação ativa com o ambiente, nos torna mais atentos, nos acorda e nos reintegra. É um estado delicioso! Ativa nosso sistema imunológico, físico e energético. E quer mais, ele nos tira da possibilidade de sermos iscas alheias. No estado de presença, percebemos opções, formas diferentes de estar e agir, até porque opção de uma alternativa só é imposição!
Awareness... dar-se conta do aqui e do agora e o aqui e o agora é o mundo! Eis a integração que nos resgata!

Beijos !!!

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