Muitas vezes, nutrimos dentro de nós uma criança que está sempre
se perguntando "Gostarão de mim?". Essa criança, acalentada em nosso
interior, tem a necessidade marcante de afeição e aprovação. É a parte de nós
que simplesmente quer se sentir amada, protegida e importante para alguém.
Essa nossa criança aprendeu que ganharia carinho e segurança se
satisfizesse os desejos alheios, desenvolvendo assim um sensível radar pessoal
para a detecção de estados de espírito e de preferências individuais, alheias
as suas.
Na medida em que a personalidade foi se formando, e essa criança
foi se tornando um indivíduo, aprendemos a adaptar nossos sentimentos aos
interesses alheios já que, ao adaptá-los, garantiríamos aceitação, proteção e
afeto.
Assim, os relacionamentos foram, gradativamente, se tornando uma
parte fundamental da nossa vida e direcionadora dos nossos comportamentos
enquanto adultos, levando-nos muitas vezes a estruturar relacionamentos com
pessoas poderosas e que, muitas vezes, tendo como principal tônica a perda da
identidade pessoal, a fim de nos tornarmos a personalidade que mais agradasse
ao parceiro.
Normalmente, começamos um relacionamento vivenciando aspectos de nós
mesmos que alimentam as necessidades do parceiro. As fases posteriores são
dominadas pelo sentimento de sermos controlados pela vontade do parceiro,
aliado a um desejo opressivo de liberdade, ao qual nos sentimos fracas demais
para ouvir.
Um conflito começa a se formar dentro de nós, entre a sensação de
estar se perdendo, de precisar se sentir indispensável para o outro e um desejo
irresistível de Liberdade e Autonomia.
E esse é um passo importantíssimo na recuperação da Essência,
porque, normalmente, a Essência de uma pessoa afetivamente muito doadora é a
Essência de uma pessoa com um profundo senso de Liberdade e Não-julgamento.
Mas, apesar de virmos com esta Essência, o que percebemos dentro
de nós, ao contrário, é a angústia da dependência afetiva, é a sensação de que
morreremos se ficarmos sem o outro que escolhemos amar.
O que percebemos e sentimos dentro de nós é a necessidade
desesperada de controlar o relacionamento, a partir da crença ingênua de que os
outros dependem de nós, nos colocando numa terrível armadilha de co-dependência.
Nossa profunda sensibilidade é usada apenas para satisfazer os
desejos alheios e, neste processo, entramos numa espécie de amortecimento das
nossas próprias necessidades, e acreditamos que somos tão incríveis que
simplesmente daremos um jeito. O outro sempre será prioridade.
Dois grandes estereótipos, para nós mulheres, são a mãe
manipuladora e a mulher que não consegue se ver além do papel se sedutora. O
que há em comum em ambos é a necessidade de chamar a atenção sobre si através
da troca manipulatória, onde a identidade e a liberdade de si e do outro não conta.
Tudo o que se tem, na verdade, é um grande vazio interior.
Particularmente para a mulher que se restringe ao estereótipo
sexualizado, muito provavelmente vivenciou uma infância na qual foi eleita como
“a princesinha do papai”, trazendo um conteúdo sexual para o relacionamento, de
forma tão pesada que a criança precisou abafar através da limitação da entrega
afetiva. Por outro lado, deixar de fazer o papel de “princesinha do papai”, no
inconsciente ingênuo da criança, seria o equivalente a abrir mão do amor do
pai. E isso, para uma criança, é muito forte e assustador. Em função dessa
dinâmica, tememos a intimidade, embora a sensualidade esteja presente de uma
forma insinuadora e sutil.
O relacionamento com o pai é projetado no novo relacionamento
amoroso, com o perigo ainda de abrirmos mão de nossa individualidade para
sustentar o relacionamento que, dentro desta configuração, acaba sendo o
relacionamento de uma pessoa só: o do parceiro dominante. E o pior, acreditando
com todas as nossas forças que somos indispensáveis nessa dinâmica !
Esse “orgulho” não nada a ver com autoestima, não se baseia nas
próprias capacidades realizadoras, mas numa profunda sensação de vazio interior
angustiante.
A saída deste padrão passa pelo reconhecimento da a aceitação dos limites do corpo, das suas
capacidades. O corpo sabe exatamente o que pode e o que não pode fazer,
reconhecendo nosso real posicionamento na maravilhosa escala cósmica. A partir
do corpo, podemos nos centrar em nós mesmos, em nossas necessidades concretas,
em nossa capacidade de sermos capazes preencher nossas necessidades a partir de
nossos próprios recursos emocionais.
No processo de cura e de retomada da nossa Essência, termos que perceber
o quanto a nossa autoestima balança de acordo com o fato de nos sentirmos
amadas ou rejeitadas por aquela pessoa importante em nossas vidas; perceber
que, lá no fundo, nosso amor-próprio é quase nulo.
Será necessário vermos que a rejeição alheia nos abala tanto
porque confirma a nossa própria autorrejeição, e teremos de compreender, sob o
ponto de vista psicodinâmico, de que modo essa maneira de relacionar-se conosco
veio em decorrência dos condicionamentos da infância que precisarmos remodelar.
Assim, desenvolvermos a postura Humilde de cuidar de nós mesmos e
ficarmos cada vez mais centrados dentro de nós mesmos, diminuindo cada vez mais
nossa terrível dependência do amor alheio como se não pudéssemos existir fora
disso.
Quanto mais nos abrirmos para nós mesmas, tanto mais aceitaremos
os outros e seremos verdadeiramente capazes de dar e receber o amor pelo qual
ansiávamos desesperadamente. Seremos capazes de desapegar-nos de nós mesmas,
abrindo-nos verdadeiramente à realidade e unindo-nos, nesse processo, com a nossa
natureza mais profunda.
E a nossa natureza mais profunda, nossa Essência, é a Essência da
Liberdade, da profunda sensação interior que a verdadeira doação é livre e
desinteressada, não necessitando de reconhecimento ou criação de vínculo entre
quem doa e quem recebe. A simples existência já é nutrição suficiente para
sentir-se amada por si mesma.
Um beijo !
Salma
**Se vc encontrou identificação com o tema e quer fazer parte do universo maravilhoso de pessoas que trabalham suas questões comportamentais através dos Florais Joel Aleixo, entre em contato conosco para agendar sua consulta em um de nossos consultórios.
Whatsapp para agendamento: 11-98229-0335
Salma
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Perfeita reflexão, me reconheci neste texto...
ResponderExcluirObrigada pelo comentário e pela presença ! Que bom que as palavras escritas ajudaram em seu processo de evolução e autoconhecimento ! bjs !!!
ExcluirMuito bem escrito. Texto muito esclarecedor!
ResponderExcluirOi, Marisa ! Obrigada pelas palavras e que bom que o texto foi útil ! bjs !
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