Olá pessoal, tudo bem ?
Acredito que esse seja um
tema legal para trazer para vocês: interpretação de sonhos.
Durante esta semana,
baseados no livro de Clarissa Estés, falamos sobre a relação entre nós,
mulheres, e nosso predador psíquico que nos prende e nos amortece, num nível
simbólico ou concreto. Hj, dando continuidade a este tema, vamos falar sobre
como ele aparece em nossos sonhos e como poderemos analisa-los.
Vamos lá ?
Mas, antes para começar,
para quem quiser ter acesso ao artigo anterior, segue aqui o link:
Sonhar com o “predador
psíquico”, enquanto sonho arquetípico, é universal a nós. Nestes sonhos
normalmente temos uma figura masculina que nos aterroriza terrivelmente, ameaçando
nossa segurança de uma maneira tão intensa que chegamos a ter inclusive
contraparte física deste sonho: respiração ofegante, suor, gritos, elevação dos
batimentos cardíacos. Em Alquimia, diríamos que este é um surto Salino, já que
envolve todo o corpo, a partir do sistema cardio-respiratório e elevação dos
níveis de adrenalina na corrente sanguínea.
Clarissa Estés nos diz que
“muitas vezes, por exemplo, esse tipo de sonho é um indicador confiável de que
a consciência de uma mulher, como no caso de uma mulher muito jovem, está
começando a perceber a existência do predador psíquico inato. Em outros casos,
o sonho é um arauto: a mulher que sonha acabou de descobrir ou está a ponto de
descobrir e de começar a liberar, uma função cativa e esquecida da sua psique.
Ainda sob outras circunstâncias, o sonho trata de uma situação cada vez mais
intolerável na cultura que cerca a vida pessoal de quem sonha, situação que ela
precisa combater ou da qual precisa fugir”.
Em outras palavras, muito
embora sejam sonhos que nos assustem num primeiro momento, são
fundamentalmente, sonhos que ampliam nossa consciência sobre nós mesmas. Sonhos de conteúdo arquetípico normalmente
cumprem essa função.
Sonhos com predador são
sonhos que falam de atitudes cruéis que temos conosco, ou através de
autoagressão ou projetando essa agressão no externo ( uma situação, uma pessoa,
um emprego, uma rotina, um parente, etc. ) e nos colocam no limiar de uma
mudança psíquica, num “upgrade”, numa iniciação, são portais para o nosso
próximo passo em direção à individuação. E por terem essa função, precisam ser
vistos enquanto tal.
Podem vir como grandes
sacudidas que damos em nós mesmas para tomarmos a atitude necessária na vida
cotidiana, nos alertando para algo se “desencaminhou radicalmente”, como diz
Clarissa.
E se isso acontece com
muitas mulheres simultaneamente, então temos um alerta de que há algo doente em
termos sócio-culturais. Mulheres conectadas com sua Matrix, para utilizarmos
termos alquímicos, são verdadeiras antenas da natureza e captam muito bem esses
movimentos.
Seja como for, num nível
individual ou coletivo, o sonho com o predador sempre nos fala de algo que nos
limita, sufoca, nos quais somos levadas a acreditar ( ou desafiar a crença ) de
que somos menores do que nosso real potencial e nos chama para uma tomada de
posição, exatamente no momento em que nos damos conta de que nosso fogo
criativo está sendo apagado, o fogo tomado como um símbolo da nossa energia e
vitalidade interna, dos nossos olhos que brilham, de nossa capacidade de gestar
e parir ( simbólica ou concretamente ).
E muitas de nós estamos
cedendo a isso, em nome de uma produtividade organizacional focada no lucro
financeiro unilateral. Enganando-nos no papel de executivas quando somos mera
reprodutoras de processos, enquanto temos crises intensas de enxaqueca,
travamos nosso rosto na DTM, nosso útero adoece em miomas e cistos e nossos
seios padecem de câncer.
Não há nenhum problema em
sermos executivas e trabalhadoras aguerridas, lógico! Mas o problema está
quando, ao exercemos a o trabalho, o fazemos a partir das premissas do
patriarcado que nega o que somos em toda a nossa essência: mulheres!
“É de importância crucial
que nos lembremos de que, sempre que temos sonhos com o homem sinistro, existe
um poder antagônico por perto, esperando para nos ajudar. Quando acionamos essa
energia selagem para resistir ao predador, adivinhem o que acontece
imediatamente? A Mulher Selvagem chega superando quaisquer cercas, muros ou
obstáculos que o predador tenha construído. Ela não é um ícone, a ser exposto
na parede como um quadro religioso. Ela é um ser vivo que chega a nós de
qualquer lugar, sob quaisquer condições. Ela e o predador se conhecem há muito,
muito tempo. Ela descobre seu paradeiro através de sonhos, de histórias, contos
e através da vida inteira das mulheres. Onde ele estiver, ela estará, pois é
ela quem contrabalança a destruição causada por ele.
A Mulher Selvagem ensina às
mulheres quando não se deve ser ‘boazinha’ no que diz respeito à proteção da
expressão de nossa alma. A natureza selvagem sabe que a ‘doçura’ nessas
ocasiões só faz com que o predador sorria. Quando a expressão da alma está
sendo ameaçada, não só é aceitável fixar um limite e ser fiel a ele; é
imprescindível. Quando a mulher age assim, não poderá haver intromissões em sua
vida por muito tempo, pois ela reconhece logo o que está de errado e tem condições
de empurrar o predador ao seu devido lugar”.
Beijos !
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