segunda-feira, 5 de março de 2018

Perguntas e Respostas sobre DTM ( Disfunção Temporomanibular )


Perguntas e Respostas sobre DTM ( Disfunção Temporomanibular )
Fonte: site Sociedade Brasileira de Dor Orofacial

O que é Dor Orofacial ?
Dor Orofacial, por definição, é toda a dor associada a tecidos moles e mineralizados (pele, vasos sanguíneos, ossos, dentes, glândulas ou músculos) da cavidade oral e da face.
As condições clínicas mais frequentemente associadas a dor orofacial são dores de dentes e de tecidos periodontais, disfunção temporomandibular (muscular ou articular), neuralgias, tumores, trauma, tecidual, doenças autoimunes, etc. 
Usualmente essa dor pode ser referida da região da cabeça e/ou pescoço ou mesmo estar associada à cervicalgias, cefaleias primárias, fibromialgia e doenças reumáticas como artrite reumatóide.

O que é DTM?
DTM é a abreviatura de Disfunções Temporomandibulares. Genericamente, o termo se refere às anormalidades que atingem as ATM e/ou os músculos da mastigação.

O que é ATM?
ATM é a abreviatura de Articulação Temporomandibular. Localizam-se entre a mandíbula e o crânio na região anterior à orelha, do lado direito e esquerdo. Essas articulações possibilitam os movimentos da boca como abertura, fechamento, e funções como mastigar, falar e engolir.


Quais os sintomas?
Os mais comuns são: dificuldade, dor ou limitação para abrir ou movimentar a boca, ruídos nas ATM, travamento da mandíbula, dores na face e próximo ao ouvido, cansaço nos músculos da face, certos tipos de dor de cabeça entre outros.


Quais as causas?
Não existe uma causa específica. Existem fatores que podem desencadear, perpetuar e contribuir para que a dor e disfunção se apresente. Alguns destes fatores são: trauma, estresse emocional, apertamento constante dos dentes quando acordado, bruxismo do sono e hábitos como mascar chicletes, roer unhas, etc, e até predisposição genética para dores crônicas, dentre outros. Antigamente, acreditava-se que tudo era causado pela posição dos dentes; hoje, os estudos mostram que o papel da má oclusão dentária na causa de DTM é pequeno.

Como tratar?
Os tratamentos de escolha nos dias atuais são conservadores e apresentam excelentes resultados, como autocuidados, medicação, placa de mordida, fisioterapia, etc. Em uma pequena porcentagem de casos onde há alterações específicas nas ATMs, a cirurgia pode ser indicada. Entretanto é importante lembrar que é fundamental um correto diagnóstico já que a maioria das DTMs apresentam envolvimento muscular com indicação de tratamentos conservadores.

Dor de cabeça é um sintoma de Disfunção Temporomandibular (DTM)?

Dores de cabeça fazem parte dos sintomas mais frequentemente relatados pelos pacientes com DTM. A dor de cabeça (cefaleia) afeta pessoas de todas as idades (54,2% adultos, 51% adolescentes e 24% idosos) e de ambos os sexos, sendo mais comum em mulheres.

Dor na cabeça pode ser um sintoma de DTM. Nestes casos a dor na cabeça pode ser em pressão, localizada nas têmporas, e do mesmo lado da DTM. Esta dor recebe a denominação de dor de cabeça secundária, ou seja, causada pela presença da DTM.
Entretanto, é muito comum que o paciente apresente dor de cabeça primária (quando a dor de cabeça é a própria doença) e DTM. Existem vários tipos de dor de cabeça, os mais comuns na população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, são: migrânea (15,2%), cefaleia tensional (13%) e cefaleia crônica diária (6,9%).
A migrânea, mais conhecida como enxaqueca, é uma dor que afeta normalmente a metade da cabeça, piora com esforços físicos e, além da dor, os pacientes costumam apresentar outros sintomas durante a crise: intolerância à luz (fotofobia), obrigando o indivíduo a procurar locais escuros para seu conforto; intolerância a ruídos (fonofobia), de forma que o paciente se afasta dos locais ruídosos; e intolerância a odores (osmofobia). Outros sintomas frequentes são náusea e vômito.

Posso ter dor de cabeça primária e DTM? 
Sim. É comum o paciente apresentar cefaleia e DTM ao mesmo tempo. Como ambas interferem com a vida cotidiana e comprometem o relacionamento social e afetivo, devem ser adequadamente diagnosticadas e tratadas. Muitos pacientes procuram tratamento sem acompanhamento de um profissional adequado, optando por automedicação. É importante procurar um profissional da área da saúde, podendo ser um cirurgião dentista especialista em DTM/DOF, um médico neurologista, entre outros, para que se faça um diagnóstico diferencial e se estabeleça um plano de tratamento, e caso necessário, encaminhar o paciente a outros profissionais.

Estudos recentes têm demonstrado que além das DTM e as cefaleias primárias acontecerem com grande freqüencia simultaneamente nos pacientes, pode também haver uma interação entre essas condições. Isso significa que a pessoa que sofre de migrânea, por exemplo, pode ter mais crises de dor de cabeça, essas dores tendem a ser mais intensas e apresentarem maiores dificuldades para melhorar com os tratamentos disponíveis. O inverso também é verdadeiro. Assim, é importante que haja uma abordagem conjunta do cirurgião-dentista especialista em DTM e Dor Orofacial, e o médico neurologista para que se obtenha resultados mais satisfatórios.

É comum pacientes com DTM sentir dor no ouvido?
Sim. É bastante frequente o relato desse sintoma em pacientes com DTM, assim como hipoacusia (perda parcial ou total da audição), tinido (sons/zumbido no ouvido), vertigens e tonturas (sensação de desequilíbrio). Normalmente é possível diagnosticar se são consequências de patologia local ou não. Após a realização de um exame clínico bem conduzido, se ainda pairar dúvidas quanto ao diagnóstico, tornar-se-á necessária a avaliação minuciosa por um médico otorrinolaringologista. Em muitos casos, o paciente já passou por avaliação com esse especialista e chega ao especialista em DTM com a exclusão de causas otológicas.

Zumbido no ouvido pode ser causado pela DTM/DOF?
O zumbido é considerado um tinido subjetivo (percebido só pelo paciente). Pode ocorrer em pacientes com DTM/DOF, bem como em consequência à doenças do ouvido ou do sistema nervoso central (com ou sem perda auditiva). Sua origem é pouco esclarecida, mas sabe-se que são muitas as condições que podem estar associadas à esse sintoma.


Ruído no ouvido indica a presença de patologia?
Ruídos no ouvido são achados muito comuns mesmo na população assintomática. Assim sendo, não necessariamente indica a presença de patologia ou disfunção. O especialista em DTM/DOF é o profissional indicado para realizar a avaliação precisa desses transtornos.


DTM pode causar perda da audição?
Este é um tema ainda controverso. Há o relato de uma modesta perda de audição, principalmente nas frequências médias e baixas, justificadas por um leve aumento do tônus muscular do músculo tensor do tímpano; pode também, originar-se em leve disfunção da tuba auditiva, que ocasiona pequena diminuição da ventilação dentro do ouvido. Entretanto, a ausência de anormalidade nas audiometrias não consegue comprovar que não há correlação entre perda auditiva e DTM.

Vertigem ou tontura pode indicar DTM?
Estes são os sintomas menos frequentes nas queixas de DTM em si. Mas como a DTM acontece junto com condições que apresentam este sintoma, muitas vezes os pacientes os relatam.

Plenitude auricular (sensação do ouvido cheio, com os sons sendo percebidos abafados) é considerada DTM?
Não, esse sintoma é considerado uma disfunção da trompa auditiva. Pacientes com DTM podem apresentar também esse mesmo sintoma, pela redução da ventilação e pressão no ouvido médio, provavelmente provocada pelo aumento do tônus do músculo pterigóide sobre a própria trompa. Para a elaboração do diagnóstico diferencial, em casos mais incertos, um exame especializado torna-se necessário.

A interdisciplinaridade é de grande valia quando se busca o bem estar de nossos pacientes e a competência técnica da realização do diagnóstico diferencial preciso é importantíssimo na diferenciação das dores orofaciais.

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