Carl Rogers foi um
psicólogo norte-americano. Desenvolveu a Psicologia Humanista, também chamada
de Terceira Força da Psicologia. Segundo o psicólogo Abraham Maslow, Carl
Rogers foi um dos principais responsáveis pelo acesso e reconhecimento dos
psicólogos ao universo clínico, antes dominado pela psiquiatria médica e pela
psicanálise vigente na época.
Carl Rogers (1902-1987)
nasceu em Oak Park, Illinois, nos Estado Unidos, no dia 8 de janeiro de 1902.
Era o filho do meio de uma família protestante, onde os valores tradicionais e
religiosos, juntamente com o incentivo ao trabalho duro eram amplamente
cultivados.
Olhando para este contexto,
comentou “Algo da atmosfera familiar mansamente repressiva é talvez indicado
pelo fato de que três de seis filhos tiveram úlcera em algum período de suas
vidas.”
Sua meninice foi vivida em
isolamento. No colegial tornou-se excelente estudante, mas foi na Universidade
que suas experiências começaram a ganhar maior significado.
Em seu segundo ano de
faculdade, começou a estudar para o ministério religioso. No ano seguinte, foi
para a China para assistir a uma conferência da Federação Mundial de Estudantes
Cristãos em Pequim; a isto, seguiu-se uma excursão pela China Ocidental. Esta
viagem tornou usas atividades religiosas fundamentalistas mais liberais e proporcionou-lhe
a primeira oportunidade de desenvolver independência psicológica, uma marca que
caracterizou seu pensamento pelo resto de sua vida e, mais do que isso, caracterizou
profundamente seu olhar sobre o Ser Humano.
Muito embora tenha começado
seus estudos universitários pela Teologia, optou por concluí-los em Psicologia
e foi, neste curso, que se sentiu agradavelmente surpreso ao descobrir que
poderia ser imensamente útil fora da igreja, trabalhando junto a pessoas que
precisavam de ajuda - e é isto que nos
move, enquanto terapeutas ...
Seu primeiro emprego foi em
Rochester, Nova York, num centro de orientação infantil. Durante os doze anos
em Rochester ajudaram-no a perceber configurações do que seriam seus principais
conceitos teóricos.
Em 1945. A Universidade de
Chicago ofereceu-lhe a oportunidade de estabelecer um novo centro de aconselhamento
baseado em suas ideias.
Em 1951 publicou Terapia
Centrada no Cliente, com sua primeira teoria formal sobre a terapia, sua teoria
da personalidade e algumas pesquisas que reforçaram suas conclusões. Neste
livre sugere que a maior força orientadora da relação terapêutica deveria ser o cliente, não o terapeuta! Esta colocação
foi uma total inversão da relação usual que se tinha, já que tirava o “poder de
cura” das mãos do médico ou terapeuta e o trazia de volta ao Ser em Terapia.
Muito embora, no oriente esta seja uma premissa milenar, aqui no ocidente, só
agora estamos vivenciando algo parecido.
As implicações de sua
teoria foram expostas em um livro maravilhoso de 1961 intitulado Tornar-se Pessoa, um livro que projetou
Rogers no cenário norte-americano e, posteriormente internacional, já que
através dele, conseguiu conversar com pessoas como nós, tirando a coisa
elitista que estava caracterizando a psicoterapia até então.
Carl Rogers, muito embora
tenha sido agraciado por muitos psicólogos pelo seu trabalho científico, foi
também atacado por outros, que viam nele e em sua teoria uma abordagem tola e
perigosa para o status e o poder que tinha, principalmente nos meios médicos
que se viram forçados a reconhecer, a custas das inúmeras pesquisas sérias
levadas por Rogers e seus auxiliares, que o psicólogo pode ter tanto ou mais
sucesso no tratamento psicoterapêutico quanto um psiquiatra ou psicanalista.
Foi, por duas vezes, eleito presidente da Associação Americana de Psicologia e
recebeu desta mesma associação os prêmios de Melhor Contribuição Científica e o
de Melhor Profissional.
Em seus últimos anos,
dedicou-se ao seu Centro de Estudos da Pessoa, fundado nos anos 1960,
escrevendo, fazendo conferências, junto a sua esposa, filhos e netos e...
lógico... cuidando de seu jardim.
Carl Rogers faleceu em San
Diego, Califórnia, Estados Unidos, no dia 4 de fevereiro de 1987.
Rogers, enquanto teórico da
Psicologia Humanista, mantinha imensa fé no Ser Humano: “a visão por nós
apresentada, implica evidentemente, que a natureza básica do ser humano, quando
atua livremente, é construtiva e fidedigna”.
Uma premissa fundamental de
sua teoria é o pressuposto de que as pessoas usam a sua experiência para se
definir, assim, a qualidade do relacionamento com a experiência define o nível
de saúde de um indivíduo, sendo que a polaridade congruência-incongruência
estabelece a dinâmica deste nível.
Congruência é definia como
o grau de exatidão entre o que comunico de mim em relação a como sou afetado
pela experiência e o quanto consigo me perceber nela.
Crianças pequenas exibem
alta congruência, expressam seus sentimentos como todo o seu ser. A ansiedade
em nós já sinaliza o contrário: a incoerência.
A incoerência ocorre quando
há diferenças entre a tomada de consciência, a experiência sentida e a forma
como a comunicamos ( nossa expressão ). Então, por exemplo: quando vemos
pessoas com os dentes cerrados, o maxilar tenso, a nuca travada que insistem em
mostrar que nada está acontecendo, que lidam muito bem com contexto, estarão
caminhando em direção à incoerência.
Outro exemplo: as pessoas
que dizem estar passando por um período maravilhoso, mas que se mostram
totalmente entediadas, deprimidas e adoecendo muito frequentemente.
Quando a incongruência está
entre a tomada de consciência e a experiência, então damos o nome de repressão. Neste contexto, há falta de
consciência pessoal. A pessoa não se vê
capaz de expressar suas emoções e percepções reais em virtude do medo e de
velhos hábitos de encobrimento que são difíceis de superar. E isso pode ser
sentido como tensão, ansiedade ou, em situações extremas, confusão interna.
“Isto é o que, em nossa opinião, constitui o estado de alienação de si. O indivíduo faltou com a sinceridade consigo mesmo, para com a significação “organísmica” de sua experiência, a fim de conservar a consciência positiva do outro, falsificou certas experiências vividas e representou para si mesmo estas experiências com os mesmos índices de valor que tinham para o outro. Tudo isto se produziu involuntariamente, como um processo trágico e natural, alimentado durante a infância” - Rogers |
Rogers postula que há em cada um de nós um impulso inerente em
direção a sermos competentes e capazes, inteiros e integrados. E isso não é difícil de
imaginar!
Pare para pensar seu em seu
corpo físico há um lindo Sistema Nervoso integrando a ponta do seu dedinho do
pé, coordenando as passadas de suas pernas, metabolizando o cafezinho que vc
acabou de tomar, ao mesmo tempo em que regula sua respiração e a coordena com
seus batimentos cardíacos enquanto seu cérebro processa todas as informações
que vc está adquirindo a partir dos inputs visuais que chegam aos seus olhos...
para falar o mais óbvio...
Vc acha mesmo que este
mesmo processamento mental não é capaz de te colocar numa direção de
autocoerência e desenvolvimento???
Rogers nos fala que assim
como uma sementinha tem em si todo o potencial para tornar-se uma planta, uma
árvore, uma pessoa é impelida a se tornar uma pessoa total, completa e
autorrealizada.
A maior tarefa para isso é
estabelecer um relacionamento mais genuíno consigo mesma. Aceitar-se a si mesma
é um pré-requisito para uma aceitação mais fácil e genuína de si e dos outros.
Em compensação, ser aceito por outro conduz a uma vontade cada vez maior de aceitar-se
a si próprio. Este ciclo de autocorreção e autoincentivo é a forma principal
pela qual se minimiza os obstáculos ao crescimento psicológico.
O caminho passa por:
·
Assumir consigo mesma o comprometimento de cultivar um processo
mutável de diálogo com as experiências, permitindo-se ver-se de formas
diferentes em cada uma delas. Este comprometimento a levará a descobrir novas
coisas a seu respeito, reinventando-se no processo.
·
A comunicação aberta de seus sentimentos é fundamental. Ser franca
com vc mesma, por inteiro, arriscando-se a ser autêntica, a ser coerente e fiel
a si mesma. Não é uma questão de simplesmente colocar para fora os sentimentos.
Não é disso que estamos falando. Mas, e aqui está a parte mais desafiadora do processo,
ser capaz de aceitar empaticamente o que vier em troca. Aqui sim, temos a
autonomia emocional de alguém autorrealizado. Os riscos são rejeição,
desentendimento, sentimentos feridos. Para que vc se aceite em tudo isso,
primeiro, vc precisa ter a firme percepção de que será capaz de lidar com.
·
Não aceitar papéis impostos. Rogers nos fala “viveremos de acordo
com as nossas opções, com a sensibilidade orgânica mais profunda de que somos
capazes, mas não seremos afeiçoados pelos desejos, pelas regras e pelos papéis
que os outros insistem em impor-nos”.
Preste atenção em uma coisa: vc
veio de seus pais. Vc não é seus pais.
·
O indivíduo saudável toma consciência de suas emoções, sejam ou
não expressas. Sentimentos negados à consciência distorcem a percepção de e a
reação às experiências que os desencadearam.
·
Esta acurada percepção de si nos levam a sensação de sermos um
self que, embora interativo, está separado. Tornar-se um self separado é o
compromisso de uma profunda tentativa de descobrir e aceitar a natureza total
de quem se é. É o mais desafiador dos compromissos, é dedicar-se à remoção de
máscaras tão logo elas se formem.
“Talvez possa aceitar-me
como a pessoa ricamente variada que sou. Talvez possa ser espontaneamente mais
essa pessoa. Nesse caso, poderei viver de acordo com os meus próprios valores
experimentados, conquanto tenha consciência de todos os códigos da sociedade.
Nesse caso, poderei ser toda esta complexidade de sentimentos, significados e
valores – livre para dar o amor, a raiva, a ternura que existem em mim. É possível
então que eu venha a ser um participante real de uma união, porque estou em vias
de ser uma pessoa real. E espero poder incentivar-me a seguir o caminho na
direção doe uma personalidade única, que eu gostaria imensamente de
compartilhar comigo mesma e com os outros com quem me encontrar.”
Beijos, pessoal !
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