Os antigos filósofos gregos não eram cientistas. Eram,
entretanto, pensadores originais, que tentaram explicar a natureza sobre uma
base lógica, não mítica.
Muito do que fizerem tem influência em nossos dias: as
bases da democracia, os arquétipos utilizados na Psicologia de Carl G. Jung, a
concepção do Universo sobre os quatro elementos que utilizamos imensamente em
nosso modelo alquímico atual, focando em cura e reequilíbrio. Mas como veremos,
o apogeu da cultura grega veio com a fusão entre as culturas grega e egípcia,
portanto, muito de um conhecimento antigo foi integrado ao espírito lógico dos
gregos.
Tales de Mileto é considerado como precursor desta
exploração mais lógica e não-mítica da Natureza. Em sua escola, estudou Empédocles
de Agrigento ( 490-430 a.C.), o primeiro a propor que toda a matéria seria
composta de quatro elementos primordiais de igual importância, embora ideias
semelhantes tenham surgido no Egito, na Índia e na China (cinco elementos) por
volta de 1500 a.C.
Para os pensadores gregos, existiriam duas realidades
na natureza: Átomos (do grego atomos, que significa não-divisível) e Vácuo
(derivado de vacuus, que significa vazio). Considerava-se que o Vácuo seria tão
real quanto os Átomos. Interessante essa visão se fizermos o paralelo com as
descobertas da Física Quântica, no sentido de que o Vazio é pleno! Um dos nomes
que se dá para Deus atualmente é o Grande Vácuo Quântico...
Aristóteles (384-322 a.C.) é considerado como um dos
dois maiores pensadores da Antiguidade, ao lado de Platão. Aristóteles propôs a
existência de uma espécie de elemento celeste primordial, o “éter”, e a cada um
dos quatro elementos terrestres atribuiu um par de “qualidades” opostas ou
contrárias (úmido versus seco; quente versus frio). As relações entre os
elementos e suas qualidades podem ser representadas por um quadrado, um dos símbolos
fundamentais que aparecem com frequência em manuscritos e livros alquímicos,
avançando mesmo pelo século XVIII.
Aristóteles, era antiatomista, em parte por não
acreditar que o espaço pudesse ser vazio. E não é mesmo ! Ele estava certo !
Muito embora a noção de átomos ainda persiste, mas não mais com a “menor parte
indivisível da matéria”....
Um dos primeiros textos alquímicos helenísticos é a Physica kay Mistika de Demócrito (Século
II d. C.). Demócrito era atomista, defendia uma visão mais mecanicista de
mundo, juntamente com Epicuro e Leucipo. Demócrito era muito rico e viajou
muito pela Grécia, pelo Egito, pela Mesopotâmia e pela India. Tornou-se um
grande sábio no processo e um escritor intenso.
Dando um outro salto na história, nos encontramos com
um outro personagem de destaque: Zózimo, um alquimista grego, nascido na vila
de Panápolis, que no começo do século IV, se propôs a estudar o hermetismo.
Já falamos sobre hermetismo quando falamos sobre
Hermes Trismegisto. O link está aqui, caso vc queira se aprofundar a respeito: Hermes Trismegisto .
Zózimo é reconhecido como um dos pioneiros
pesquisadores e praticantes da alquimia e por ter iniciado pela primeira vez, o
estudo das teorias alquímicas. Atribui-lhe também, a realização do primeiro
trabalho enciclopédico sobre a alquimia.
Temos nesta figura simpática um Grego que exaltou uma
mulher egípcia Alquimista... Maria, a Judia – contemporânea de Aristóteles
segundo alguns, e meia-irmã de Moisés, segundo outros.
É atribuída a ela a invenção do banho-maria e de um
alambique de três bicos para a destilação de águas sulforosas. Ela estudou
intensamente o enxofre e há vários axiomas alquímicos creditados a ela. Maria
sabia calcinar o cobre e o enxofre para produzir ouro. Ressaltando que na época
de Maria, o enxofre era tirado de minas de ouro na forma de dissulfeto de
arsênio... então...
Maria era parteira também e uma mulher de
personalidade, pois conta-se que ela se recusou a obedecer as ordens do faraó
Ramsés II de colocar no Nilo todos os meninos recém-nascidos.
Maria é a primeira mulher referida na Torah como
profetisa, tendo também participado da travessia do Mar Vermelho.
Por volta de 300 a.C, o Egito foi conquistado por
Alexandre, transformando tanto a alquimia grega como a egípcia e aprofundando a
visão alquímica de Maria, a Judia.
Zózimo só teve contato com os escritos de Maria cerca
de 600 anos depois, no século III dC. Para ele, Maria era uma egípcia
helenizada versada em magia oriental ! Wow !!!
Em sua visão, havia para cada pessoa um bom espírito
que acompanhava a pessoa em toda a sua vida...
A noção de Anjo da Guarda não é nova !!!! Para Zozimo, um bom espírito
acompanhava Maria e ajudava em todos os seus estudos.
Zózimo, por sua vez, percebia a matéria como parte de
um Espírito Universal que preenche toda a Natureza. Sua visão da Natureza era
animista.
Durante o Renascimento, Paracelso expandiu uma antiga
concepção grega de matéria segundo a qual esta seria uma união entre um sublime
enxofre dos filósofos (“Enxofre Sófico” – frequentemente caracterizado como
masculino) e um sublime mercúrio dos filósofos (“Mercúrio Sófico” –
frequentemente caracterizado como feminino). Estes não estão relacionados com
os elementos químicos que hoje reconhecemos como enxofre e mercúrio. A eles,
Sulphur e Mercurius, Paracelso juntou o Sal como o terceiro Princípio. A
relação entre eles é representada por um triângulo – outra grande metáfora
encontrada em manuscritos e livros alquímicos até o século XVIII.
Toda a matéria seria, então, composta desses três prinum pouco sobre o Taocípios
em proporções variadas.
E é este modelo que utilizamos atualmente, enquanto
alquimistas, para analisarmos o corpo humano, seu perfil de personalidade e
seus desequilíbrios; a prática clínica mostra que o raciocínio alquímico
seguindo esse modelo se fecha completamente num sentido muito coerente, o que
facilita enormemente o tratamento e o entendimento que o paciente tem de si,
aprofundando seu nível de consciência sobre a representação simbólica da
doença.
Enfim, na filosofia grega, reencontramos um modelo
dinâmico de que os opostos estão em constante fluxo, passando de um extremo ao
outro.... Todas as partes desse vasto sistema estão inter-relacionadas:
modifique qualquer uma delas e o padrão geral será modificado... Já vimos isso
no Tao, não é mesmo? um pouco sobre o Tao
Vamos finalizar este texto, voltando a Aristóteles que
nos diz que a mudança não se dá por acaso, mas segue um padrão específico que
inclui: uma base material, uma receita ou uma fórmula e um produto final. Esses
são os componentes chave de qualquer mudança que se queira fazer na vida. São
os componentes básicos para qualquer Alquimia !
A matéria inicial de transformação é o Nigredo,
equivalente à doença, onde nossa consciência está confusa e, portanto, nossa
matéria também, passando pelo estágio do Albedo, estágio onde começa a aflorar
o poder iluminador sobre a consciência – é um estágio de transição, chegando ao
Rubedo, estágio em que o indivíduo consciente reencontra sua essência de vida.
Portanto, o material pode ser entendido como o estágio
consciencial, a receita é a ampliação do nível de consciência e o produto final
é a consciência ampliada ou individuação, para usarmos um termo de Jung.
Qual o alvo ? Quais as características de um Self
individuado ?
O indivíduo integrado ao seu Self...
·
Tem capacidade de
sentir profundamente uma ampla gama de sentimentos, com vivacidade, vigor,
emoção e espontaneidade
·
Tem a capacidade
de ser ativo diante de si mesmo e diante do seu bom
·
Reconhece seu
amor-próprio
·
É capaz de
amenizar sentimentos dolorosos, sem que precise negá-los e/ou projetá-los
·
Não vive a vida em
terceira pessoa. Ele a vive em primeira pessoa. É autorresponsável.
·
É capaz de assumir
compromissos e ater-se a eles.
·
É criativo e
flexível.
·
Sabe que a verdade
é mais importante do que o estar certo
·
Sente-se capaz de
lidar com qq situação, pois reconhece seus recursos internos e sabe como
mobilizá-los. Ele não precisa de conhecimento intelectual para sentir-se capaz.
·
É capaz de ficar
só, sem angústia ou ansiedade. É capaz de ficar em silêncio e no silêncio.
·
Consegue ser
si-mesmo independente da situação.
Uma boa lista de metas, não é mesmo, pessoal ?
Um grande beijo !
Nota: Este artigo foi composto pela leitura de
principalmente de “Uma breve História da Química – da alquimia às ciências
moleculares modernas, “Psicologia Alquimia” e “Alquimia em três Dimensões”.
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