A tradição Alquímica mais conhecida por nós ocidentais
veio pelo mundo islâmico e pelo mundo judaico. A Alquimia era praticada na
Pérsia e no Iraque desde meados do século VIII. Dessa época até o final do século
XV, os mouros islâmicos ocuparam a Espanha.
Essa história começou no século VI d.C., quando cerca
de 8000 soldados árabes atravessaram o Estreito de Gibraltar em direção à
Espanha, conquistando quase todo o país gradativamente ao longo de quatro anos,
chegando até a França !
Na época, a Espanha era dominada por Visigodos, povo
de origem germânica que havia tirado a Espanha da mão dos romanos. Devia ter
sido uma briga boa... os bárbaros pagãos, porque não cristianizados, versus o
imperialismo romano com a igreja católica se configurando como força de domínio
ocidental...
Bem... Espanha ao longo de sua história pertenceu aos
romanos e depois caiu na mão dos germânicos e depois na mão dos árabes para ser
reconquistada pelos cristãos... que miscelânea de gerações e culturas... E de
fato, visto sob o pano de fundo da história europeia, a conquista muçulmana da
Espanha foi o campo de experiências para o choque e a simbiose de três
culturas, representadas pelas três grandes religiões: Cristianismo, Islamismo e
Judaísmo.
Foi nesta época de conquista da Espanha pelos árabes
que nasceu um famoso Alquimista: Abu
Musa Jabir ibn Hayyan , também conhecido pelo nome latino Geber.
Enquanto Alquimista, era também filósofo, astrônomo e físico. Geber é
responsável pela introdução da experimentação na Alquimia, assim como a
invenção de vários processos importantes usados na Química moderna (
lógico ! ), como as sínteses dos ácidos nítrico e clorídrico, a destilação e a
cristalização.
A origem de seu nome está relacionada a palavra gharbala, que significa “separar o fino
do grosso”, uma expressão muitíssimo apropriada para descrever o fundamento do
trabalho alquímico ( solve et coagula ). Seus escritos representam o melhor da
tradição alquímica, uma mistura vibrante de química e filosofia religiosa.
Jabir era especialmente conhecido por seus elixires
terapêuticos, que lembram as antigas práticas de cura alquímica dos chineses. ( Falamos sobre isso no artigo:Alquimia Chinesa ).
Jabir se interessava por numerologia, um tema que
reflete sua formação espiritual e estabelece um paralelo importante com a
antiga escola pitagórica. A numerologia foi uma das poucas ciências ocultas que
sobreviveu à transição da Magia para a Ciência, ocorrida ao longo destes cinco
últimos séculos.... o que me faz pensar... se a Ciência ainda não sabe tudo,
por que não recorrer à Milenar Ciência da Arte Mágica ???
Jabir era Sufi que praticava a Cabala, um sistema complexo que trabalha profundamente com numerologia. Nós ainda não
estamos acostumados a nos conectar com a Magia da Vida, com a coerência incrível do
Universo em tudo o que Ele gesta e cria. Mas a Alquimia guarda em si essa profundidade
e essa busca por entender o significado mais profundo, espiritual e místico em
tudo o que existe. Um caminho que a Física Quântica em seus avanços revolucionários
está começando a nos revelar agora.
O Sufismo é uma vertente mística existente
dentro do islamismo. Baseia-se na ideia de que o espírito humano é emanação
do espírito divino. Assim, um sufi deve buscar a reintegração com
o divino através do canto e da dança. Aqui, masculino e feminino se integram e
a busca está numa experiência direta com Deus, onde a dança ocupa um papel
fundamental e a Terra feminina se conecta ao Sol masculino em seu movimento de eterno girar.
Hostis à ortodoxia muçulmana, os sufis, em muitos
países islâmicos, são, até hoje, considerados hereges por aqueles que seguem o Alcorão de
uma forma mais rígida, como é o caso da Arábia Saudita. Interessante, não é ? Por que religiões de energia predominantemente masculina precisam ser tão separatistas ????
Voltando... O símbolo usado pelos Sufis para representar a união extática
da experiência com o Universo é o coração alado. É esse impulso que dá origem à
transformação consciencial, transcendendo nossa experiência psicológica normal
e cotidiana. Interessante ver que em determinado momento de sua dança, os Sufis levantam seus braços ao Céu, permitindo que sua energia suba, como que voando para o alto.
Os Sufis são consdireados como um dos principais grupos responsáveis pela produção
cultural dentro do Islã. E não é a toa.... O que acontece quando masculino e feminino se integram ? Criação... Criatividade !
Escritores como Omar Khayyam (1048-1131), al-Ghazali
(1058-1111) e Rumi (1207-1273). Já falamos de Rumi em algumas ocasiões, o poeta
Alquimista do Amor. Muitos de seus textos foram citados por filósofos
ocidentais, escritores e teólogos. Além disso, o ritual da dança Sufi
iniciou-se com ele. Rumi traz poesia para a vida e expressa, através de suas
palavras, toda a beleza da Obra Alquímica. Rumi trouxe a dança e a beleza até
nós: tudo o que existe gira. Tudo em nós gira porque nossos átomos giram.
Simples assim! Se girarmos, entramos em conexão consciente com a Força da
Criação que a tudo movimenta. É como se
ao girar podemos testemunhar a majestade do Criador, e nos relembramos a
nós mesmos que também criamos porque também giramos!
Rumi diz: “Todos os amores são uma ponte para o amor
Divino. No entanto, aqueles que não o experimentaram não o sabem!”.
Mesmo que seja só com suas mãos, gire, rodopie, dance e recrie o seu mundo. Expresse seu Amor !
Faça da sua dança a sua conexão com o Sagrado !
Um Beijo Grande e Alquimicamente dançante !
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