quinta-feira, 16 de março de 2017

Sufismo, Dança e Alquimia Árabe... mais um pouco sobre a História da Alquimia

A tradição Alquímica mais conhecida por nós ocidentais veio pelo mundo islâmico e pelo mundo judaico. A Alquimia era praticada na Pérsia e no Iraque desde meados do século VIII. Dessa época até o final do século XV, os mouros islâmicos ocuparam a Espanha.

Essa história começou no século VI d.C., quando cerca de 8000 soldados árabes atravessaram o Estreito de Gibraltar em direção à Espanha, conquistando quase todo o país gradativamente ao longo de quatro anos, chegando até a França !
Na época, a Espanha era dominada por Visigodos, povo de origem germânica que havia tirado a Espanha da mão dos romanos. Devia ter sido uma briga boa... os bárbaros pagãos, porque não cristianizados, versus o imperialismo romano com a igreja católica se configurando como força de domínio ocidental...
Bem... Espanha ao longo de sua história pertenceu aos romanos e depois caiu na mão dos germânicos e depois na mão dos árabes para ser reconquistada pelos cristãos... que miscelânea de gerações e culturas... E de fato, visto sob o pano de fundo da história europeia, a conquista muçulmana da Espanha foi o campo de experiências para o choque e a simbiose de três culturas, representadas pelas três grandes religiões: Cristianismo, Islamismo e Judaísmo.
Foi nesta época de conquista da Espanha pelos árabes que nasceu um famoso Alquimista: Abu Musa Jabir ibn Hayyan , também conhecido pelo nome latino Geber. Enquanto Alquimista, era também filósofo, astrônomo e físico. Geber é responsável pela introdução da experimentação na Alquimia, assim como a invenção de vários processos importantes usados na Química moderna ( lógico ! ), como as sínteses dos ácidos nítrico e clorídrico, a destilação e a cristalização.
A origem de seu nome está relacionada a palavra gharbala, que significa “separar o fino do grosso”, uma expressão muitíssimo apropriada para descrever o fundamento do trabalho alquímico ( solve et coagula ). Seus escritos representam o melhor da tradição alquímica, uma mistura vibrante de química e filosofia religiosa.
Jabir era especialmente conhecido por seus elixires terapêuticos, que lembram as antigas práticas de cura alquímica dos chineses. ( Falamos sobre isso no artigo:Alquimia Chinesa ).
Jabir se interessava por numerologia, um tema que reflete sua formação espiritual e estabelece um paralelo importante com a antiga escola pitagórica. A numerologia foi uma das poucas ciências ocultas que sobreviveu à transição da Magia para a Ciência, ocorrida ao longo destes cinco últimos séculos.... o que me faz pensar... se a Ciência ainda não sabe tudo, por que não recorrer à Milenar Ciência da  Arte Mágica ???
Jabir era Sufi que praticava a Cabala, um sistema complexo que trabalha profundamente com numerologia. Nós ainda não estamos acostumados a nos conectar com a Magia da Vida, com a coerência incrível do Universo em tudo o que Ele gesta e cria. Mas a Alquimia guarda em si essa profundidade e essa busca por entender o significado mais profundo, espiritual e místico em tudo o que existe. Um caminho que a Física Quântica em seus avanços revolucionários está  começando a nos revelar agora.
O Sufismo é uma vertente mística existente dentro do islamismo. Baseia-se na ideia de que o espírito humano é emanação do espírito divino. Assim, um sufi deve buscar a reintegração com o divino através do canto e da dança. Aqui, masculino e feminino se integram e a busca está numa experiência direta com Deus, onde a dança ocupa um papel fundamental e a Terra feminina se conecta ao Sol masculino em seu movimento de eterno girar.
Hostis à ortodoxia muçulmana, os sufis, em muitos países islâmicos, são, até hoje, considerados hereges por aqueles que seguem o Alcorão de uma forma mais rígida, como é o caso da Arábia Saudita. Interessante, não é ? Por que religiões de energia predominantemente masculina precisam ser tão separatistas ????
Voltando... O símbolo usado pelos Sufis para representar a união extática da experiência com o Universo é o coração alado. É esse impulso que dá origem à transformação consciencial, transcendendo nossa experiência psicológica normal e cotidiana. Interessante ver que em determinado momento de sua dança, os Sufis levantam seus braços ao Céu, permitindo que sua energia suba, como que voando para o alto.
Os Sufis são consdireados como um dos principais grupos responsáveis pela produção cultural dentro do Islã. E não é a toa.... O que acontece quando masculino e feminino se integram ? Criação... Criatividade !
Escritores como Omar Khayyam (1048-1131), al-Ghazali (1058-1111) e Rumi (1207-1273). Já falamos de Rumi em algumas ocasiões, o poeta Alquimista do Amor. Muitos de seus textos foram citados por filósofos ocidentais, escritores e teólogos. Além disso, o ritual da dança Sufi iniciou-se com ele. Rumi traz poesia para a vida e expressa, através de suas palavras, toda a beleza da Obra Alquímica. Rumi trouxe a dança e a beleza até nós: tudo o que existe gira. Tudo em nós gira porque nossos átomos giram. Simples assim! Se girarmos, entramos em conexão consciente com a Força da Criação que a tudo movimenta. É como se ao girar podemos testemunhar a majestade do Criador, e nos relembramos a nós mesmos que também criamos porque também giramos!
Rumi diz: “Todos os amores são uma ponte para o amor Divino. No entanto, aqueles que não o experimentaram não o sabem!”.
Mesmo que seja só com suas mãos, gire, rodopie, dance e recrie o seu mundo. Expresse seu Amor ! 
Faça da sua dança a sua conexão com o Sagrado !

Um Beijo Grande e Alquimicamente dançante !


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