quarta-feira, 8 de março de 2017

Nós, mulheres !

Nós mulheres, temos habilidades excepcionais de sensibilidade, intuição e percepção. Temos a Matrix, um órgão energético que fica acima do chakra coronário e nos conecta com todos os ciclos de Gaia, com os biorritmos de Sol e Lua, com os Solstícios de Inverno e Verão, com os Esbats e Sabats.
Sim... somos regidas pela Lua, pelo ciclo da Terra, por isso somos complexas, flexíveis, mudamos de ângulo, percebemos o inteiro de diferentes formas.
Esse é um dom extraordinário e profundo da Mulher e todas nós o trazemos dentro de nós. Contudo, podemos nos perder na utilização desse dom, quando não estamos aterradas em um ego forte e bem estruturado.
Se a nossa capacidade empática não estiver acompanhada de outras características como saber se defender, estabelecer limites, repelir, neutralizar o mal e atacar no momento certo, as chances de sobrevivência nesta 3D ficam ameaçadas. Há inúmeras vezes em que simplesmente nos sentimos derrotadas pelos desafios da vida... nossos papéis são muitos e nem sempre excludentes, passando por cima de nós com força avassaladora quando não estabelecemos delimitações.
Os arquétipos de Deusas Guerreiras nos ajudam a resgatar este instinto, e nos inspiram a retomar nossa energia, erguer defesas e curar os ferimentos de guerra e as cicatrizes das batalhas pela vida.
A capacidade de expressar ódio ou raiva no momento certo, sem vergonha, sem culpa, sem medo de não ser aceita por isso faz com que nos sintamos mais completas, em pé, com pernas firmemente apoiadas no chão, quase que o empurrando para elevarmos nossa coluna.
A dinâmica contrária, porém, ou seja, negar nossos instintos mais poderosos nos torna alvos de um fogo que nos consome lenta e gradativamente, minando nossa estrutura, nossa assertividade, nossa capacidade de olhar nos olhos seja de quem for, à mesma altura.
Quando não reconhecemos nossos instintos e não percebemos seu pulsar em nós então aí perdemos o controle e lhes damos a oportunidade de aparecerem sem que estejamos conscientes do processo. Perdemos a direção.
A raiva e a agressividade de uma mulher são instrumentos úteis, podem e devem ser usados em posicionamentos assertivos, em prol da autoestima. Ou por um acaso, nascemos sem caninos ?
Muitas vezes, nos envolvemos em nossos próprios contos, em nossas próprias mentiras simplesmente porque não nos parece ter outra saída. Por um longo histórico, pareceu ser sempre melhor para nós nos inclinarmos e nos adaptarmos a uma situação ruim.
Sabe... O Bruxismo para mim é extremamente simbólico e profundo em seu significado. Embora, já tenhamos começado a falar sobre ele sob uma perspectiva individual, hj, percebi que ele traz em si não só a história de uma pessoa cuja expressão foi impedida, mas a própria história do papel da mulher na sociedade e paralelamente, a história da evolução da religiosidade humana. Dentro deste contexto, fica mais interessante ainda se associarmos o fato de que a grande maioria das pessoas que sofre com a Disfunção Temporomandibular é do sexo feminino... Curioso, não ?
Conta-se que as sociedades antigas eram matrifocais: a mulher ocupava posição de respeito e comando religioso. O corpo feminino era visto como magico e respeitado em função da sua capacidade de menstruar ( sangrar sem morrer ), gerar e nutrir a vida. Há registros do período Paleolítico e Neolítico de estatuetas que se referem a corpos femininos ( a “Venus de Willendorf” talvez seja a mais conhecido delas ) mas não se encontrou até agora estatuetas antigas que se refiram a corpos masculinos.
Deduz-se também que as Mulheres desenvolveram o conhecimento agrícola, após o degelo do período Glacial.  A revolução agrícola permitiu o estabelecimento ainda incipiente de grupos mais estáveis, saindo gradativamente do nomadismo.
Segundo documentos arqueológicos, as mulheres detinham um papel importante nas sociedades e na religião no período de 6500 a 3500 a.C.
O culto era feito à Deusa Mãe e os estudos das cenas das inscrições revelavam sociedades pacíficas e igualitárias, centradas na reverência à vida. E estamos falando de estudos do território europeu e oriente médio.
A transição da sociedade de coleta para de caça e conquistas levou a formação de outra estrutura social, onde a prevalência da força física começou a desequilibrar o pendulo da balança para a energia Yang. Os homens começaram também a perceber que tinham sim um papel efetivo na geração da vida e que o corpo feminino não engravidava magicamente.
Aos poucos, os homens provavelmente se tornaram mais orgulhosos de si em suas habilidades de procriar, caçar, matar.. tinham poder sobre a vida....
Acredito que durante um tempo, deve ter havido equilíbrio entre Yin e Yang e deve ter sido um período interessante... mas em função de mudanças climáticas, domínio do Ferro, domínio de tecnologia agrícola, fatura de alimentos, tivemos aumento populacional e as disputas por territórios começaram a se fazer cada vez mais necessárias  com ondas sucessivas de invasões de tribos ocorrendo. O poder bélico começou a prevalecer, tribos guerreiras começaram a subjugar tribos agrícolas... temos uma boa simbologia aqui... como as mulheres não participavam de guerras na mesma escala que os homens, o seu poder, antes respeitado e honrado, passou a ser menosprezado e desconsiderado.
As sociedades fálicas expandiram seu domínio e as mulheres foram perdendo sua voz.
Mitos de criação foram deturpados e as religiões abrahamicas começaram a dominar, religiões sem espaço para o feminino, para a maternidade, para a intuição, para a menstruação.
 A mulher prostituta, violentada, cindida ou santa passou a vigorar no imaginário de homens e mulheres e perdemos nossa integridade, nossa pluralidade para nos encaixarmos em papéis e rótulos. Nossa existência e nossa expressão passaram a ser reguladas por eles.
Historicamente, esse é o momento em que desenvolvemos nossa DTM, enquanto expressão castrada e encaixada.
A Roda do Ano, a conexão com os ciclos da Natureza, foi substituída por festividades vazias de significado... Nos separamos de tudo a nossa volta e passamos a achar que o leite dá em caixinha... Mas adoecemos... adoecemos muito...algo em nós se perdeu nesse período.
Talvez um dos períodos mais doentes da nossa história tenha sido o período de 1227 a 1736, da Idade Média à Renascença, marcado pelo período de perseguição às Bruxas, mulheres que usavam a sabedoria das ervas para curar.
Em 1321, a Igreja Católica criou a Santa Inquisição para capturar heréticos. Um marco importantíssimo nesta passagem foi a publicação do “Malleus Malleficarum” em 1484, um manual detalhadíssimo sobre como identificar e punir uma bruxa, e que visava portanto especificamente as mulheres. Ele foi escrito de forma tão detalhada e fantasiosa que mesmo quem não acreditava em Bruxas passou a acreditar! Com a publicação do ”Malleus” é que surgiu a relação das bruxas com o demônio. Um período de terror e pânico instituiu-se a partir daí.

No final do século XVII, os puritanos cruzaram o Atlântico, aportando no litoral dos EUA, em Salém, mais especificamente, que foi tomada pela histeria contra as Bruxas. Em 1692, a histeria contra as Bruxas começou e a perseguição às mulheres se intensificou. As mulheres eram despidas, torturadas, ameaçadas, julgadas e condenadas em processos vergonhosos sustentados por provas frágeis. No final do século XVII, a caça as Bruxas terminava na América e declinava na Europa.
Antes disso, em 1662, na Europa, a Academia Real de Ciências foi fundada na Inglaterra. Isso marcou o início da separação entre a magia e o Mundo Mundano. Astronomia e Astrologia foram separadas, assim como a Física da Metafísica e a Química da Alquimia.
O século XVIII acentuou esta tendência e trouxe um fascínio sobre a ciência e a racionalidade, a Bruxaria começou a ser considerada algo impossível, hilário, porque não científico. As punições foram diminuindo, até que em 1775 houve a última execução na Alemanha, em 1782 na Suiça. Estima-se que até o final do sec. XVIII, na Europa, 50.000 pessoas foram mortas por Bruxaria, sendo 80% mulheres.
O que era Bruxaria e Magia agora está sendo retomado pela Física Moderna !
A segunda metade do século XX então testemunhou um grande renascimento da Magia, muitos livros foram publicados, muitos sistemas foram desenvolvidos e, desta vez, tivemos boa ajuda das artes com o lançamento de livros e filmes como “Harry Poter” e os brilhantes filmes da série “O Senhor dos Anéis”, além da série para a Televisão “Charmed” que nos conta a história de três bruxas, independentes e modernas.
A espiritualidade feminina está sendo retomada. Vivemos um período de transição novamente... ainda temos nossa DTM mas não a aceitamos mais como um estado normal. Agora queremos dar voz à nossa expressão, porque sabemos que sim ... podemos escolher por um caminho de liberdade de expressão, tornando-nos mais senhoras de nós mesmas, não mais como meras espectadoras da vida, mas honrando e assumindo o sagrado em nós, nutrindo nossa alma a nosso psiquismo com a força de nossa energia de Mulher !


Um grande beijo !

2 comentários:

  1. Texto riquíssimo em detalhes da história da humanidade, a importância da mulher conhecer e reconhecer seus mistérios.

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