Nós mulheres, temos habilidades excepcionais de
sensibilidade, intuição e percepção. Temos a Matrix, um órgão energético que
fica acima do chakra coronário e nos conecta com todos os ciclos de Gaia, com
os biorritmos de Sol e Lua, com os Solstícios de Inverno e Verão, com os Esbats
e Sabats.
Sim... somos regidas pela Lua, pelo ciclo da Terra, por
isso somos complexas, flexíveis, mudamos de ângulo, percebemos o inteiro de
diferentes formas.
Esse é um dom extraordinário e profundo da Mulher e
todas nós o trazemos dentro de nós. Contudo, podemos nos perder na utilização
desse dom, quando não estamos aterradas em um ego forte e bem estruturado.
Se a nossa capacidade empática não estiver acompanhada
de outras características como saber se defender, estabelecer limites, repelir,
neutralizar o mal e atacar no momento certo, as chances de sobrevivência nesta
3D ficam ameaçadas. Há inúmeras vezes em que simplesmente nos sentimos
derrotadas pelos desafios da vida... nossos papéis são muitos e nem sempre
excludentes, passando por cima de nós com força avassaladora quando não
estabelecemos delimitações.
Os arquétipos de Deusas Guerreiras nos ajudam a
resgatar este instinto, e nos inspiram a retomar nossa energia, erguer defesas
e curar os ferimentos de guerra e as cicatrizes das batalhas pela vida.
A capacidade de expressar ódio ou raiva no momento
certo, sem vergonha, sem culpa, sem medo de não ser aceita por isso faz com que
nos sintamos mais completas, em pé, com pernas firmemente apoiadas no chão,
quase que o empurrando para elevarmos nossa coluna.
A dinâmica contrária, porém, ou seja, negar nossos
instintos mais poderosos nos torna alvos de um fogo que nos consome lenta e
gradativamente, minando nossa estrutura, nossa assertividade, nossa capacidade
de olhar nos olhos seja de quem for, à mesma altura.
Quando não reconhecemos nossos instintos e não
percebemos seu pulsar em nós então aí perdemos o controle e lhes damos a
oportunidade de aparecerem sem que estejamos conscientes do processo. Perdemos
a direção.
A raiva e a agressividade de uma mulher são
instrumentos úteis, podem e devem ser usados em posicionamentos assertivos, em
prol da autoestima. Ou por um acaso, nascemos sem caninos ?
Muitas vezes, nos envolvemos em nossos próprios
contos, em nossas próprias mentiras simplesmente porque não nos parece ter
outra saída. Por um longo histórico, pareceu ser sempre melhor para nós nos
inclinarmos e nos adaptarmos a uma situação ruim.
Sabe... O Bruxismo para mim é extremamente simbólico e
profundo em seu significado. Embora, já tenhamos começado a falar sobre ele sob
uma perspectiva individual, hj, percebi que ele traz em si não só a história de
uma pessoa cuja expressão foi impedida, mas a própria história do papel da
mulher na sociedade e paralelamente, a história da evolução da religiosidade
humana. Dentro deste contexto, fica mais interessante ainda se associarmos o fato
de que a grande maioria das pessoas que sofre com a Disfunção Temporomandibular
é do sexo feminino... Curioso, não ?
Conta-se que as sociedades antigas eram matrifocais: a
mulher ocupava posição de respeito e comando religioso. O corpo feminino era
visto como magico e respeitado em função da sua capacidade de menstruar (
sangrar sem morrer ), gerar e nutrir a vida. Há registros do período
Paleolítico e Neolítico de estatuetas que se referem a corpos femininos ( a “Venus
de Willendorf” talvez seja a mais conhecido delas ) mas não se encontrou até
agora estatuetas antigas que se refiram a corpos masculinos.
Deduz-se também que as Mulheres desenvolveram o
conhecimento agrícola, após o degelo do período Glacial. A revolução agrícola permitiu o
estabelecimento ainda incipiente de grupos mais estáveis, saindo gradativamente
do nomadismo.
Segundo documentos arqueológicos, as mulheres detinham
um papel importante nas sociedades e na religião no período de 6500 a 3500 a.C.
O culto era feito à Deusa Mãe e os estudos das cenas
das inscrições revelavam sociedades pacíficas e igualitárias, centradas na
reverência à vida. E estamos falando de estudos do território europeu e oriente
médio.
A transição da sociedade de coleta para de caça e
conquistas levou a formação de outra estrutura social, onde a prevalência da
força física começou a desequilibrar o pendulo da balança para a energia Yang.
Os homens começaram também a perceber que tinham sim um papel efetivo na
geração da vida e que o corpo feminino não engravidava magicamente.
Aos poucos, os homens provavelmente se tornaram mais
orgulhosos de si em suas habilidades de procriar, caçar, matar.. tinham poder
sobre a vida....
Acredito que durante um tempo, deve ter havido
equilíbrio entre Yin e Yang e deve ter sido um período interessante... mas em
função de mudanças climáticas, domínio do Ferro, domínio de tecnologia agrícola,
fatura de alimentos, tivemos aumento populacional e as disputas por territórios
começaram a se fazer cada vez mais necessárias com ondas sucessivas de invasões de tribos ocorrendo.
O poder bélico começou a prevalecer, tribos guerreiras começaram a subjugar
tribos agrícolas... temos uma boa simbologia aqui... como as mulheres não
participavam de guerras na mesma escala que os homens, o seu poder, antes
respeitado e honrado, passou a ser menosprezado e desconsiderado.
As sociedades fálicas expandiram seu domínio e as
mulheres foram perdendo sua voz.
Mitos de criação foram deturpados e as religiões abrahamicas
começaram a dominar, religiões sem espaço para o feminino, para a maternidade,
para a intuição, para a menstruação.
A mulher
prostituta, violentada, cindida ou santa passou a vigorar no imaginário de
homens e mulheres e perdemos nossa integridade, nossa pluralidade para nos encaixarmos
em papéis e rótulos. Nossa existência e nossa expressão passaram a ser
reguladas por eles.
Historicamente, esse é o momento em que desenvolvemos
nossa DTM, enquanto expressão castrada e encaixada.
A Roda do Ano, a conexão com os ciclos da Natureza,
foi substituída por festividades vazias de significado... Nos separamos de tudo
a nossa volta e passamos a achar que o leite dá em caixinha... Mas adoecemos...
adoecemos muito...algo em nós se perdeu nesse período.
Talvez um dos períodos mais doentes da nossa história
tenha sido o período de 1227 a 1736, da Idade Média à Renascença, marcado pelo
período de perseguição às Bruxas, mulheres que usavam a sabedoria das ervas
para curar.
Em 1321, a Igreja Católica criou a Santa Inquisição
para capturar heréticos. Um marco importantíssimo nesta passagem foi a
publicação do “Malleus Malleficarum” em 1484, um manual detalhadíssimo sobre
como identificar e punir uma bruxa, e que visava portanto especificamente as
mulheres. Ele foi escrito de forma tão detalhada e fantasiosa que mesmo quem
não acreditava em Bruxas passou a acreditar! Com a publicação do ”Malleus” é
que surgiu a relação das bruxas com o demônio. Um período de terror e pânico
instituiu-se a partir daí.
No final do século XVII, os puritanos cruzaram o
Atlântico, aportando no litoral dos EUA, em Salém, mais especificamente, que
foi tomada pela histeria contra as Bruxas. Em 1692, a histeria contra as Bruxas
começou e a perseguição às mulheres se intensificou. As mulheres eram despidas,
torturadas, ameaçadas, julgadas e condenadas em processos vergonhosos
sustentados por provas frágeis. No final do século XVII, a caça as Bruxas
terminava na América e declinava na Europa.
Antes disso, em 1662, na Europa, a Academia Real de
Ciências foi fundada na Inglaterra. Isso marcou o início da separação entre a
magia e o Mundo Mundano. Astronomia e Astrologia foram separadas, assim como a
Física da Metafísica e a Química da Alquimia.
O século XVIII acentuou esta tendência e trouxe um
fascínio sobre a ciência e a racionalidade, a Bruxaria começou a ser
considerada algo impossível, hilário, porque não científico. As punições foram
diminuindo, até que em 1775 houve a última execução na Alemanha, em 1782 na
Suiça. Estima-se que até o final do sec. XVIII, na Europa, 50.000 pessoas foram
mortas por Bruxaria, sendo 80% mulheres.
O que era Bruxaria e Magia agora está sendo retomado
pela Física Moderna !
A segunda metade do século XX então testemunhou um
grande renascimento da Magia, muitos livros foram publicados, muitos sistemas
foram desenvolvidos e, desta vez, tivemos boa ajuda das artes com o lançamento
de livros e filmes como “Harry Poter” e os brilhantes filmes da série “O Senhor
dos Anéis”, além da série para a Televisão “Charmed” que nos conta a história
de três bruxas, independentes e modernas.
A espiritualidade feminina está sendo retomada.
Vivemos um período de transição novamente... ainda temos nossa DTM mas não a
aceitamos mais como um estado normal. Agora queremos dar voz à nossa expressão,
porque sabemos que sim ... podemos escolher por um caminho de liberdade de
expressão, tornando-nos mais senhoras de nós mesmas, não mais como meras
espectadoras da vida, mas honrando e assumindo o sagrado em nós, nutrindo nossa
alma a nosso psiquismo com a força de nossa energia de Mulher !
Um grande beijo !
Texto riquíssimo em detalhes da história da humanidade, a importância da mulher conhecer e reconhecer seus mistérios.
ResponderExcluirOlá Cármena ! Obrigada pela presença e pelo lindo comentário ! Seja sempre bem-vinda !
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