Conversando sobre excesso de peso e emagrecimento.
Olá pessoal, tudo bem com vcs ?
Hj quero falar sobre um tema muito visceral em minha vida: a
obesidade, começando por compartilhar com vcs um pouco da minha história com
essa velha amiga que tanto me ensina sobre mim.
Nasci um bb com peso normal, tive minha infância com peso normal,
mas já ao ingressar na adolescência, por volta dos 13 anos de idade, meu peso
começou a aumentar e, junto com ele, a depressão.
Foi uma época bem complicada na minha vida, com a separação dos
meus pais, a ausência da figura paterna depois disso, minha mãe tentando se
achar com o novo papel de nutridora da família, deprimindo-se no processo,
queda financeira, enfim... uma adolescência marcada por uma clara “noite escura
da alma”.
Por motivos que só meu Espírito vai poder me dizer em algum
momento, escolhi pais bastante narcísicos e infantis, portanto, ausentes
afetivamente e sem maturidade emocional para exercerem papéis adultos no
processo de criação dos filhos. Havia provisionamento das necessidades
materiais e, não posso negar, levávamos uma boa vida neste sentido. Não
obstante, o lado afetivo deixava muito a desejar.
A tensão entre meus mais era sempre uma constante e até onde sei,
havia períodos em que meu pai saia de casa, o que aumentava ainda mais a
insegurança de minha mãe e... logicamente, a minha enquanto criança aberta
psicologicamente às energias da dinâmica familiar.
No decorrer do meu aumento de peso, lembro-me de meu pai trazendo-me
artigos para ler a respeito da obesidade, lembro-me de ler muitos livros
procurando entender alguma coisa, lembro-me de quão humilhada e sozinha eu me
sentia com as palavras de meu pai...
Estava ficando cada vez mais gorda, cada vez mais deprimida e cada
vez mais solitária. Ir para o colégio era uma tortura...Meu desempenho escolar
caiu absurdamente e comecei a ficar de recuperação... Para uma menina que
fechava notas no terceiro bimestre, ficar de rec é bem radical... As notas
refletiam meu senso de valor próprio.
A tensão entre meus pais chegou a um limite tal que decidiram se
separar definitivamente e lógico, não perceberam a necessidade de conversar com
os filhos a respeito. Ficou um vazio de repente, uma ausência estranha que começou
a ser cada vez mais preenchida com a comida... Alimento físico para fazer a nutrição
emocional do meu profundo estado de carência afetiva.
Resultado? Obesidade. Trinta quilos de sobrepeso.
Fiquei viciada em comida. Lembro-me muito claramente de que não conseguia
pegar um ônibus para a faculdade ( na época estava na FAAP fazendo Administração
) se antes não tivesse me enfiado em algum pote enorme de farinha láctea com
muito açúcar. Na época, eu pesava 93 quilos e só tinha 3 vestidos para usar. Tinha
perdido todas as minhas roupas e junto com ela, a esperança, a autoestima e
qualquer senso de valor de mim mesma.
Até que, num certo dia, minha mãe leu um artigo do Dr. Sidney Chioro,
falando sobre a obesidade do ponto de vista emocional. Ele era um médico, formado
pela USP, que tinha se especializado em emagrecimento. Alguém telefonou para o
Instituto, até hj não sei quem foi, pegou as informações e me inscreveu no
processo. Lembro-me exatamente do dia em que precisava ir para a primeira
sessão do tratamento. Eu simplesmente não conseguia... não tinha coragem...
Uma de minhas tias, sabendo dessa situação desesperadora, emprestou
o carro e meus irmãos me levaram para o tratamento. E esse dia foi o dia da mudança
na minha vida. Lembro-me de Sidney me falando “esse corpo não combina com esse
rosto...”, com toda a sua gentileza e cavalheirismo, fez a entrevista comigo e
me colocou num dos grupos de emagrecimento que ele conduzia.
Tinha muito trabalho a fazer... com certeza...
Eramos conduzidas no processo de diferenciação da fome emocional
da forme física e verdadeira e um dos pontos principais era ter um diário de emagrecimento.
A ideia básica era escrever o que estava acontecendo quando sentíamos o impulso
de comer para que, aos poucos, fôssemos diferenciando um do outro no processo.
E assim foi... gradativamente fui ficando mais magra, mais forte e
mais dona de mim mesma, a depressão foi diminuindo, comecei a andar de bicicleta,
fazer aeróbica com a minha “idala” da adolescência – Jane Fonda, larguei meu
emprego, estudei feito uma maluca e entrei em Psicologia, na USP, estudando em
casa sozinha !
Hj, sou Psicóloga, com peso normalizado, depressão curada, conversando
com vcs aqui, compartilhando minha história de autossuperação.
Embora tenha estudado sobre DTM ( Disfunção Temporomandibular ) e
já muito feliz com todas as pessoas que tenho conseguido ajudar na amenização
desta patologia, é com a obesidade e com questões relacionadas ao corpo que
sinto a força do uso criativo da cicatriz emocional.
Então, quero a partir de hj, escrever uma série de artigos sobre
obesidade, emagrecimento e fome emocional a partir da perspectiva de alguém que
se tornou ex, na esperança de ajudar também a quem precisar de palavras de
apoio neste processo.
Hj, posso dizer, estou preparada para isso como ex-obesa e como
profissional e vou me sentir enormemente realizada se puder aumentar essa
estatística de ex-obesos realizados e livres do excesso de peso emocional
cronificado em gordura.
Vamos juntos?
Nos vemos nos próximos artigos !
Um beijo grande!!!
Salma
Obrigada porque sei o quanto é difícil emagrecer principalmente quando vc tem certeza que não come tão exageradamente.
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