segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O Fogo Físico e o Fogo Simbólico: contanto a História da Alquimia

Nossa viagem começa com o domínio do fogo, para muitos, o primeiro ato de magia do ser humano. Graças ao fogo, nossos ancestrais começaram a cozinhar o alimento e se aquecer nas noites frias de inverno, iluminar o céu, afastar animais e trazer iluminação para dentro das cavernas. Com o fogo, ele percebeu que poderia criar algo que não poderia tocar, mas que poderia usar. Com o fogo, ele começou a perceber que tinha poder e que poderia ter domínio.
Ninguém sabe ao certo quando o fogo foi descoberto, mas estima-se que há 1,4 milhão de anos. O uso tecnológico do fogo evoluiu ao longo da história de nossos antecessores, passando pelo uso do ferro, queima do barro, utilização de panelas e potes para cozinhar e fornos para fazer tijolos.
Por volta de 4000 aC, o fogo começou a ser usado para trabalhar metais. Inicialmente, os Sumérios derretiam cobre em fornalhas primitivas e o usavam para fabricação de armas.
A descoberta do ferro tirou os serem humanos da Idade da Pedra, transformou o Homo erectus e o Homo sapiens em Homo faber – O Homem que Faz. Seria esse um processo Alquímico em nível consciencial? Se considerarmos a pedra como a representação arquetípica da realidade absoluta e imóvel, acho que podemos dizer que sim.
Como diz Thom Cavalli, em seu livro “Psicologia Alquímica”, uma mitologia, uma psicologia e uma tecnologia primitiva do fogo se formaram em trono da importância que esse elemento tinha para a sobrevivência.
Neste sentido, a Idade do Ferro, marca o triunfo do homem sobre os reinos vegetal, animal e mineral – e o surgimento dos meios necessários para se fazer uma guerra. Lembre-se que o homem é o único animal que domina o fogo, os outros apenas o temem.
A descoberta do fogo na natureza não poderia ter acontecido, ao meu ver, se o homem não o tivesse descoberto em si, se o seu nível de consciência já não tivesse começado a mudar de alguma maneira, talvez percebendo-se como diferente dos demais.
E é muito interessante isso, porque o fogo, simbolicamente tem a ver com vaidade, orgulho. O fogo tem em si um aspecto dual, porque ele tanto pode unir dois elementos na fusão, como pode separar água da matéria. O fogo que o homem aprendeu a dominar fisicamente é o fogo do solve et coagula.
Neste sábado, um paciente estava me contando a visão das tribos indígenas sobre a Terra, a Água, o Fogo e o Ar no processo de desenvolvimento do guerreiro. Para algumas tribos, não se domina o Fogo, sem se ter passado pela Terra e pela Água primeiro, justamente porque estes dois apagam o Fogo quando necessário.
A Terra dá segurança e objetivo concreto, a Água motiva e o Fogo impulsiona a agir. Mas agir sem limites, é suicídio. Então aprende-se com a Terra, acalmando-se com a Água, desenvolvendo a sabedoria de quando usar cada um deles para, depois, impulsionar através do Fogo. Interessante e sábio, não é mesmo?
Em nossa história, o mesmo fogo que construía armas era o fogo que modelava os instrumentos da agricultura para nutrir o povo.
E como elemento de transformação, ele sempre foi essencial para qualquer trabalho alquímico.
Há quem diga que as raízes da Alquimia remota à Idade do Ferro, pois foi a descoberta do Ferro que precipitou a fabricação de armas para guerra e ferramentas para o dia-a-dia da vida cotidiana.
Através do Ferro e do Fogo, nossa consciência se tornou mais ativa, pois aprendemos a transformar árvores em casas, ferro em pontes, pedras em catedrais.
Nós nos transformamos em pessoas que poderiam transformar!
No próximo artigo, vamos falar sobre a Alquimia Egípcia.


Um beijo !

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